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segunda-feira, 27 de agosto de 2012

O AMAPÁ E SUAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS

AMAPÁ E GUIANA FRANCESA 

Com uma fronteira comum de mais de 600 km, os territórios da Guiana Francesa e do Amapá possuem
várias semelhanças. Com mais de 90% de suas áreas cobertas pela floresta amazônica, eles apresentam um forte atraso de desenvolvimento comparativamente a seus Estados central ou federal, um subequipamento e um isolamento importante. A insuficiência de seus mercados internos ou ainda a percepção de ajudas financeiras elevadas, representam, além disso, pontos em comum que facilitam sua comparação.
Ambos os territórios devem assim, responder a numerosos desafios semelhantes: um desenvolvimento equilibrado que preserve a biodiversidade, ou ainda a estruturação e a promoção de territórios melhor  inseridos em seu meio ambiente. Esse desenvolvimento deverá permitir a redução da dependência econômica e comercial em relação a seus Estados cental e federal e facilitar a criação de empregos locais sustentáveis.
Às vésperas da abertura da ponte sobre o rio Oiapoque ligando as duas cidades, São Jorge do Oiapoque (GuianaFrancesa) e Oiapoque (Brasil), duas regiões, o Amapá e a Guiana Francesa, dois países, o Brasil e a França, ou ainda dois conjuntos regionais, o MERCOSUL e a União Europia, os desafios são importantes.
Apesar de vários elementos serem favoráveis a sua cooperação, as diferenças de idioma, a existência de normas equadros legislativos bem distintos, constituem obstáculos às trocas frutuosas.
Os Fatores econômicos conhecem-se pouco e apreendem com dificuldade o ambiente do território fronteiriço.
 
Apesar de os intercâmbios culturais e comerciais existirem desde muito tempo entre as duas margens, a Guiana Francesa e o Amapá há muito se ignoraram em razão de desacordos territoriais entre franceses e portugueses, em seguida brasileiros. O diálogo
e a cooperação entre as duas regiões tomaram um novo rumo nos anos 90, do ponto de vista local, nacional e continental (entre a União Europeia (EU) e o MERCOSUL) ilustrado particularmente pela organização de Comissões Mistas Transfronteiriças periódicas desde 1996. Projetos estruturantes, como o da ponte sobre o rio Oiapoque, poderão contribuir para o aumento das perspectivas de abertura e intercâmbios para os dois territórios.
Desafios comuns...
A Guiana Francesa e o Amapá apresentam singularidades comuns em relação a seus espaços respectivos: são de fato amplamente cobertos pela floresta amazônica, dotados de importantes redes hidrográficas, e a estreita faixa de seu litoral, assim como os estuários dos rios, concentram a maioria das populações e atividades econômicas. Esse desequilíbrio e os obstáculos naturais  contribuem para um certo isolamento dos territórios, tanto doméstico (comunidades isoladas por falta de infraestruturas modernas de transporte) quanto externo (acesso mais difícil e caro a essas regiões).
Ambos os espaços caracterizam-se igualmente por populações jovens (em 2007, aproximadamente a metade de sua população tinha menos de 20 anos), com uma importante dinâmica demográfica que gera grandes desafios em termos de acesso aos serviços essenciais, desenvolvimento econômico, ou ainda coesão social.
Frente a esse grande crescimento demográfico, as infraestruturas desenvolvem-se, mas permanecem ainda em níveis inferiores às médias nacionais: as vias de comunicação são limitadas e às vezes em estado precário, o acesso à rede de água potável e saneamento de águas usadas não está disponível para toda a população (somente 4,5% dela está ligada às redes de saneamento no Amapá, e 37% na Guiana Francesa), e o abastecimento de eletricidade é heterogêneo e às vezes pouco confiável.
… mas diferenças estruturais a serem superadas para intensificar os intercâmbios
Além dessas constatações partilhadas, as diferenças de quadros institucionais, culturais e lingüísticos constituem obstáculos a serem superados para o fortalecimento da cooperação.
A adesão a blocos comerciais distintos e às vezes concorrentes instaura diferentes tipos de barreiras, especialmente tarifárias e regulamentárias (normas européias estritas). Paralelamente, as assimetrias em termos de custos de produção (as diferenças salariais encontram-se numa escala de 1 para 8) têm impacto sobre a competitividade da Guiana Francesa com relação a seu vizinho. As empresas de ambos os territórios chocam-se com um ambiente econômico particularmente limitado (mercados de pequeno porte com economias de escala quase inexistentes, custos de transporte elevados, especialmente no interior de cada um dos territórios, sobretudo para se chegar às áreas mais isoladas) que constituem outras dificuldades a serem superadas para o desenvolvimento dos intercâmbios.
 A PONTE BINACIONAL                                                                                                                          
A Ponte binacional que ligará o Brasil a Guiana Francesa já está pronta desde junho de 2011, mas continua sem previsão de inauguração. Apesar  da França ter concluído o lado da Guiana, a parte que compete ao Brasil continua sem conclusão. Do lado brasileiro ainda  falta acesso rodoviário e as instalações alfandegárias.
Com inicio das obras em 2009, e com o custo de R$ 71 milhões, a ponte possui 378 metros de extensão e ligará por via terrestre 700 quilômetros de fronteira, z maior porção de um território francês próxima de outra região do mundo. O projeto, que começou a ser discutido entre o Brasil e a França em 1997,  por enquanto é apenas uma bela paisagem para os dois lados.
De acordo com o Governo do Amapá, os 160 quilômetros de pavimentação que ainda faltam serão entregue até o fim de 2013. Os serviços pararam devido ao período chuvoso. No verão os trabalhos serão retomados. O governo fechou acordo com o Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre. Foram pagos R$ 7 milhões e 800 mil para construir o acesso rodoviário. As instalações para a Polícia Federal, Receita Federal e Vigilância Sanitária serão realizadas por conta da União.
Impasse
Ainda  aguarda definição por parte dos dois governos as regras das relações comerciais e tráfegos de pessoas. O lado francês reclama da garimpagem ilegal, já do lado brasileiro, a queixa é da concreta ameaça de extinção do trabalho dos catraieiros que já trabalham na travessia Oiapoque e Saint Georges, há 40 anos.
As três cooperativas de trabalhadores declaram que são 145 catraieiros que investiram R$ 3 milhões em embarcações e gastam por ano R$ 5 milhões em combustível . Eles exigem uma garantia financeira por parte do Governo Federal. Os trabalhadores pedem uma indenização de R$ 20 mil, equivalente a quatro salários mínimos por seis anos, além de empréstimos bancários até se estabelecerem em outra profissão.
Lado francês
No território francês, em Saint Georges, grande parte da população é brasileira.  Pessoas que foram atrás de melhoria de vida, e entraram de forma ilegal na Guiana Francesa.  A população guianense tem a percepção que tudo de ruim no território, como violência, ocupação desordenada e destruição da floresta e garimpos é culpa dos clandestinos. A relação que ficou tensa com a instalação da polícia de fronteira em 2005. O visto no passaporte na região de fronteira passou a ser visto como uma forma de organizar tudo isso.
No começo deste ano caiu uma proibição de cerca de cinco anos. Passou a ser permitida a presença de brasileiros sem passaporte em Saint Georges, mas em  área restrita.
                                                                                                                                       

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